Estar presente no aqui e agora é um dos atributos valorizados pela filosofia do mindfulness. No entanto, os dias se perdem em tarefas, prazos e obrigações. O tempo passa, sem que a nossa consciência perceba o correr dos acontecimentos e atribua um significado a eles. Assim, vivemos no piloto automático, sem se dar conta que a tão sonhada evolução espiritual ocorre justamente quando superamos esses lapsos de consciência. Às vezes, vivemos no passado, remoendo mágoas. Outras, nos preocupamos com o futuro e nos consumimos em vão pela ansiedade por algo que pode não ocorrer.
Existem muitas práticas de mindfulness e uma delas, apesar de simplória, produz resultados relevantes, o journaling, que em português significa manter um diário.
Recomendo manter um diário matinal, antes de iniciar as atividades diárias. Nesse caso, não se trata de um registro detalhado dos fatos ocorridos no dia anterior, mas de uma oportunidade para liberar emoções e até obter um novo olhar sobre os acontecimentos. Escrever livremente sobre sentimentos, ideias e percepções.
A escrita livre pode permitir o aflorar de aspectos que não tenham sido percebidos pela consciência, mas geraram impacto emocional, causando alteração no equilíbrio interno e no estado de humor. É um momento de extravasar e promover uma desintoxicação, com o intuito de proporcionar leveza e abertura para o novo.
Um conto narra a visita de um estudioso que se julgava sábio a um mestre zen. Este o observa e ouve atentamente seu discurso eloquente sobre seus méritos e conhecimentos.
Então o estudioso pergunta:
“- Quando vais me ensinar algo, mestre?”
O mestre, então, lhe oferece uma xícara e lhe serve o chá, derramando-o lentamente do bule, mas de forma incessante. O chá começa a derramar e o estudioso alerta:
“-Mestre, a xícara está cheia.”
E o Mestre responde:
“Sim, eu sei, assim como a tua mente está repleta de ideias. Só poderei te ensinar algo quando a tua mente estiver vazia para aprender algo novo.”
A prática da escrita livre matinal diária proporciona a liberação mental e estimula a criatividade, sendo uma das recomendações da autora Julia Cameron, especializada no tema e autora do best-seller “O caminho do artista”. Aliás, leitura altamente recomendada.
Deixe nos comentários se você já praticou escrita livre e quais as suas impressões a respeito.